Participaram da videoconferência o secretário de Defesa Agropecuária,
técnicos do Ministério da Agricultura e autoridades do governo chinês.
China, Coreia do Sul e Chile suspenderam o desembarque de carne brasileira até conhecerem os resultados da operação “Carne Fraca”, da Polícia Federal (PF).
As explicações básicas já tinham sido enviadas por escrito, mas os
chineses pediram esclarecimentos técnicos e aceitaram tratar do caso por
videoconferência.
A China já tinha decretado a suspensão da importação dos frigoríficos investigados. Uma das 21 unidades suspeitas de irregularidades vende para os chineses.
Os produtos brasileiros, segundo o Ministério da Agricultura, estão
chegando aos portos da China, mas não podem passar pelos órgãos
aduaneiros.
O país é o maior comprador de carnes do Brasil. No ano passado, os
chineses compraram 736 mil toneladas de carne de aves, de gado e de
porco. E deixaram no Brasil mais de US$ 1,7 bilhão.
Além dos chineses, a comunidade europeia
também pediu vários esclarecimentos técnicos. Os europeus determinaram a
suspensão da exportação das quatro empresas que vendem carne para o
bloco e estão na lista das unidades sob investigação.
O governo brasileiro decidiu, então, preventivamente, proibir a venda para o exterior dos 21 frigoríficos até que tudo seja esclarecido.
Os casos mais graves são os dos frigoríficos Peccin, detentor da marca
Italli e Larissa, suspeitos de, respectivamente, usar produtos químicos
acima do permitido e alimentos vencidos há mais de três meses.
Também estão na lista de suspeitos: a JBS, dona das marcas Friboi,
Seara, Big Frango e Swift, que foi objeto de busca e apreensão de
documentos - um dos seus funcionários foi preso -, mas não teve nenhum
frigorífico interditado, e o grupo BRF, responsável por marcas como
Sadia e Perdigão, que teve a sua unidade de Mineiros, em Goiás,
interditada por suspeita de contaminação de carnes.
Nem o Ministério da Agricultura, nem a PF e nem a BRF informaram para qual marcas a unidade de Mineiros produzia.
O Ministério da Agricultura afirma que esses casos são pontuais e que
num universo de quase cinco mil frigoríficos, apenas 21 unidades estão
sob investigação.
'Desastroso'
O ministro da Agricultura classificou como desastroso para o país um
eventual embargo definitivo da carne brasileira. “Desastre, com toda
certeza um desastre. A china é uma grande importadora nossa. A
comunidade europeia, além de ser o nosso segundo ponto de exportação
também é nosso cartão de visita. Quem vende para Europa, vende para
muitos outros países que muitas vezes nem pedem fiscalização nossas,
porque sabem que nós temos um sistema bom. Então, eu quero, torço, eu
rezo, penso e trabalho para que isso não venha acontecer”.Blairo Maggi, ministro da Agricultura (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
O ministro lembrou que o Brasil também é um grande importador e que
está autorizado a ter reações mais duras nas negociações. “Comércio é
assim. Não tem só bonzinho no comércio. O comércio tem que ser feito e
muitas vezes à cotoveladas, se eu tiver que ter uma reação mais forte
com o Chile eu terei, não há dúvida nenhuma... eu digo que se eu tiver
que ter uma reação mais forte, para proteger o mercado brasileiro, eu
farei com toda tranquilidade e já pedi isso ao presidente Temer na
reunião, se eu tinha a sua autorização, a sua aquiescência para ser um
pouco mais duro nessa questão. E ele disse que sim”.
O ministro da Agricultura disse que não é possível interditar todos os
21 frigoríficos porque não há comprovação de ilegalidades praticadas por
todos. Justificou também que traria um grande impacto econômico, porque
a produção de carnes é responsável por cerca de seis milhões de
empregos. E afirmou que a qualidade dos produtos das unidades sob
suspeita está garantida porque só saem das fábricas depois de
vistoriados por um funcionário do serviço de inspeção federal.
O presidente Michel Temer reafirmou numa reunião na Câmara Americana de
Comércio Brasil-Estados Unidos que o sistema de inspeção federal é
rigoroso e confiável. E que não há motivo para colocar em xeque a
qualidade da carne produzida no brasil.
O Diário Oficial desta segunda-feira publicou uma lista com
funcionários do ministério demitidos da função por causa das denúncias.
Entre eles, Gil Bueno de Magalhães, superintendente de agricultura no
Paraná, que está preso, e Júlio César Carneiro, superintendente de
agricultura de Goiás, que na sexta (17) foi levado para depor em
condução coercitiva.
0 comentários:
Postar um comentário